FALANDO SOBRE OS CÁLCULOS URINÁRIOS

Como se formam os cálculos urinários?

O cálculo ou litíase urinária, popularmente conhecidos como “pedra nos rins”, são formados pela aglomeração de pequenos cristais presentes na urina. Cerca de 8% das mulheres e 15% dos homens vão apresentar cálculo renal em algum momento da vida. Além disso, as chances de uma pessoa que já teve cálculo renal vir a ter novamente é de cerca de 50% em cinco anos e de 90% em 10 anos.

Quais os fatores que favorecem a formação dos cálculos?

Dieta rica em proteínas, pouca ingesta de líquidos (água e  sucos naturais), alterações anatômicas do sistema urinário, obesidade, sexo masculino e histórico familiar são os principais fatores de risco para formação dos cálculos urinários.

 

Quais os tipos de cálculo mais comuns?

Os tipos mais frequentes são os que contém cálcio em sua composição: oxalato e fosfato de cálcio. Existem ainda, em menor frequência, os cálculos de ácido úrico, cistina,  estruvita, entre outros.

Quais os fatores dietéticos aumentam o risco de formar cálculos urinários?

Dieta rica em “sal” (sódio), excesso de proteínas (carnes vermelhas e suplementos de proteína) e pouca ingesta hídrica,  são fatores que aumentam o risco de desenvolver “pedra nos rins”. Em resumo: evitar salgadinhos industrializados, embutidos e conservas, chá pretos ou mate. Evite suplementos sem orientação médica, excesso de carne vermelha, sucos industrializados e refrigerantes. Consuma água e sucos de frutas naturais (principalmente suco de limão), chás de hortelã e erva doce. Não há necessidade de reduzir leite e seus derivados e consuma cerca de três a quatro frutas por dia. Lembramos que uma maneira prática de observar se a hidratação foi adequada durante o dia é observarmos a coloração da urina. Esta deve se manter clara e límpida.

Quais são os sintomas dos cálculos urinários?

A sintomatologia dos cálculos depende muito da localização e da obstrução ao fluxo de urina no aparelho urinário. Em geral, cálculos pequenos (menores que 5 mm) e localizados no rim, costumam ser assintomáticos, ou seja, pacientes não manifestam nenhum sintoma na maioria das vezes. Dor tipo cólica nas costas e na região anterior do abdômen, sangramento na urina, náuseas e vômitos podem ser manifestações de cálculos no ureter (estrutura tubular que leva a urina do rim até a bexiga) (Figuras 1 e 2). Os sintomas ocorrem por obstrução à passagem de urina pelo ureter. Nestes casos, mesmo cálculos muito pequenos podem causar dor importante. Quando o cálculo já se encontra na bexiga, muito provavelmente será eliminado, exceção feita aos cálculos muito volumosos, que se formaram na própria bexiga, secundários à dificuldade de esvaziamento do órgão (ex: pacientes com próstatas aumentadas e dificuldade de urinar).

 

Quais os tratamentos possíveis para os cálculos urinários?

Antes de orientarmos o tratamento adequado para cada tipo de cálculo, explicaremos cada um deles, facilitando assim a compreensão:

  1. a) Tratamento expectante ou conservador: faz-se apenas o acompanhamento dos pacientes periodicamente, de acordo com a necessidade. Orientado para pacientes com cálculos renais pequenos e assintomáticos.
  2. b) Tratamento clinico: faz-se utilizando medicamentos que controlam a dor e/ou aumentam a chance de eliminação dos cálculos. Utilizado para cálculos ureterais pequenos, quando localizados no ureter.
  3. c) Tratamento com litotripsia extracorpórea: por meio de ondas externas, feita de maneira ambulatorial, o cálculo pode ser fragmentado para posterior eliminação pelo paciente.
  4. d) Ureterorrenolitotripsia: intervenção realizada com a introdução de um aparelho chamado ureteroscópio pela uretra, sob anestesia. Os aparelhos rígidos são utilizados para tratar cálculos no ureter inferior e médio. Aparelhos flexíveis alcançam o rim e/ou ureter superior. Os cálculos são identificados e a imagem é vista em um monitor de TV. Os cálculos podem ser fragmentados com litotridores balísticos (no ureter distal) ou laser no ureter superior e rim (Vídeo 1). Os fragmentos retirados com uma cesta (basquete).
  5. e) Nefrolitotripsia percutânea: cirurgia com anestesia geral, faz-se uma punção no rim, com posterior dilatação do seu trajeto e passagem de um aparelho com câmera (nefroscópio) para visualização e fragmentação dos cálculos. Os fragmentos são retirados com pinça extratora. Necessita de internação.
  6. f) Cirurgia convencional ou aberta: mais conhecida do público leigo como “cirurgia por corte”, na qual é feita uma incisão no flanco para chegar até o rim e retirar os cálculos. Método com maior morbidade e maior tempo para retorno às atividades laborais.

 

Resumo de Indicação dos tratamentos:

  1. Cálculos renais pequenos (menores que 5 mm) e assintomáticos: tratamento expectante e orientação de dieta;
  2. Cálculos renais entre 5 e 20 mm: ureterorrenolitotrpsia flexível com laser ou litotripsia extracorpórea;
  3. Cálculos renais maiores que 20mm: nefrolitotripsia percutânea, na sua impossibilidade, cirurgia convencional aberta;
  4. Cálculos ureterais: preferencia por ureterorrenolitotripsia balística ou a laser;
  5. Cálculos vesicais: cistolitotripsia endoscópica ou aberta.

Prof. Dr. André Domingos

CRM-MS 4714

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